sábado, 28 de maio de 2011

O fantástico mundo da psicanálise!


Por Ana Beatriz

Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense que alterou, radicalmente, o modo de pensar a vida psíquica. Sua contribuição é comparável a de Karl Marx na compreensão dos processos históricos e sociais. Freud ousou colocar “os processos misteriosos” do psiquismo, suas regiões “obscuras”, isto é, fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, como problemas científicos. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da PSICANÁLISE.”.
(trecho retirado do texto “A psicanálise”.).


O termo psicanálise refere-se à teoria – conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica; método investigativo – interpretativo, o qual busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras, ou pelas produções imaginárias (sonhos, delírios, associações livres, etc); e prática profissional – a análise, como tratamento que busca o autoconhecimento ou a cura.

Incialmente, a psicanálise utilizou-se do método hipnótico, o qual deixava o paciente em estado de inconsciência, a fim de conhecer a origem dos distúrbios nervosos apresentados por eles (sem nenhuma causa aparente), e dessa maneira, eliminá-los. Depois de certo tempo, a hipnose foi substituída pela catarse, uma técnica na qual a concentração e a conversação faziam com que o paciente rememorasse e revelasse afetos e emoções ligadas aos acontecimentos traumáticos, liberando aquilo que não pôde ser expresso na ocasião da experiência desagradável ou dolorosa, e eliminando, consequentemente, os sintomas apresentados. Por fim, a técnica de conversação foi modificada: abandonaram-se as perguntas, e a sessão passou a ser comandada pela fala do paciente.

Até agora já deu para perceber que o objeto da psicanálise é o inconsciente, não é mesmo? É no inconsciente onde “guardamos” todas as lembranças insuportáveis e dolorosas, e que são exatamente a origem dos sintomas e distúrbios psíquicos. Você lerá a seguir, algumas das principais descobertas de Freud e importantes conceitos que norteiam a psicanálise!


Primeira teoria sobre o aparelho psíquico.

Em 1900, Freud afirmou a existência de três instâncias psíquicas:

• O inconsciente: constituído por conteúdos reprimidos, que não tem acesso aos sistemas pré-conscientes/ conscientes, pela ação de censuras internas. É um sistema do aparelho regido por leis próprias de funcionamento.

• O pré-consciente: sistema onde permanecem aqueles conteúdos acessíveis à consciência.

• O consciente: recebe as informações do mundo exterior e do mundo interior. Destaca-se a percepção, a atenção, e o raciocínio.

Revolução: A descoberta da sexualidade infantil.

Freud revolucionou a sociedade da época, ao afirmar que a sexualidade é o centro da vida psíquica, e que existe desde a infância. Em suas investigações, ele descobriu que a maioria dos pensamentos e desejos reprimidos, que compreendiam a causa e o funcionamento das neuroses, referia-se a conflitos de ordem sexual, localizada nos primeiros anos de vida.

“Na vida infantil estavam as experiências de caráter traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais, e confirmavam-se, desta forma, que as ocorrências deste período da vida deixam marcas profundas na estruturação da pessoa.” (“A psicanálise”).


No processo de desenvolvimento psicossexual, o individuo nos seus primeiros anos de vida, tem a função sexual ligada à sobrevivência, e por isso, o prazer se encontra no próprio corpo. Dessa forma, Freud distinguiu etapas na vida do ser humano, de caráter progressivo:

Fase oral: ocorre do 0 aos 18 meses de vida. Esta associada à alimentação, e por isso a zona de prazer é a boca (a criança consegue satisfazer todas as suas necessidades através da boca). Esta fase compreende as épocas de amamentação, bem como a fase que a criança tende a levar todos os objetos que estão ao seu alcance, à boca.

Fase anal: entre os 2 e 4 anos. É nessa faze fase que a criança começa a controlar as fezes a urina. Ela presta uma atenção especial à micção e à evacuação. O treinamento de ir ao banheiro desperta um interesse natural pela autodescoberta.

Fase fálica: já aos três anos, a criança entra na fase fálica, que focaliza as áreas genitais do corpo. É a primeira fase em que as crianças tornam-se conscientes das diferenças sexuais. Esta excitação está ligada, na mente da criança, à presença física próxima de seus pais. Esta fase caracteriza-se pelo desejo da criança de ir para a cama de seus pais e pelo ciúme da atenção que seus pais dão um ao outro, ao invés de dá-la a criança.

Fase de latência: é um intervalo na evolução da sexualidade, e se prolonga até a puberdade.

Fase genital: início da puberdade. Ocorre o desenvolvimento biológico e psicológico, e o retorno da energia libidinal aos órgãos sexuais. Neste momento, meninos e meninas estão ambos conscientes de suas identidades sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais.




Segunda teoria do aparelho psíquico.

Após 20 anos da primeira teoria, Freud a remodela, e introduz os seguintes conceitos:

Id: as características atribuídas na primeira teoria ao inconsciente, nesta teoria são atribuídas ao id. É regido pelo principio do prazer.
Ego: equilibra as exigências do id e as ordens do superego. Regido pelo principio da realidade, é um regulador. As funções básicas são: percepção, memoria, sentimentos e pensamento.
Superego: a moral os ideias são suas funções. Refere-se a exigências sociais e culturais.


Importante: os mecanismos de defesa da mente.

Como já vimos, lembrar-se de um acontecimento desprazeroso, interno ou externo, muitas vezes pode ser constrangedor. Para evitar esse desprazer, a pessoa deforma ou suprime a realidade. Esse mecanismo é chamado de defesa, no qual a pessoa deixa de registrar percepções externas, afasta determinados conteúdos psíquicos, interfere no pensamento. É por isso que os acontecimentos ruins são todos guardados no inconsciente.


O papel contributivo da psicanálise.


O principal objetivo do trabalho psicanalítico é decifrar o inconsciente, e interliga-lo com o conteúdo do consciente. Isto porque, como já percebemos, esses conteúdos obscuros determinam em grande parte, a nossa conduta: nossas dificuldades, mal-estar, sofrimento. A finalidade do trabalho investigativo da psicanálise é o autoconhecimento, que possibilita ao paciente lidar com o sofrimento, e criar meios de superar as dificuldades e conflitos. A psicanálise é usada como base para psicoterapias, aconselhamento, orientação; é aplicada no trabalho com grupos, instituições. Ela também é um instrumento importante para a análise e compreensão de fenômenos sociais relevantes; as novas formas de sofrimento psíquico, o excesso de individualismo no mundo contemporâneo, a exacerbação da violência, e etc.

(fonte da imagem)

Referências: Texto “A psicanálise” (trabalhado em sala de aula).
http://www.psiquiatriageral.com.br

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